Categorias
Entre-imagens

A cronologia das independências políticas e os cinemas africanos

Preparando a aula de Cinema Internacional: Cinemas Africanos em que daremos início ao estudo dos cinemas africanos, depois de duas aulas introdutórias nas quais discutimos as heranças do eurocentrismo, do colonialismo e do racismo, decidi tentar criar um mapa com informações básicas sobre as independências políticas africanas.

A emergência dos cinemas africanos está associada, de modo geral, aos processos de independência política. Dessa forma, visualizar as independências e sua cronologia num mapa me parece ser uma maneira interessante de começar a estudar os cinemas africanos, já que o tema das independências é, efetivamente, um ponto de partida recorrente de diferentes perspectivas. Além disso, começando por aí é mais fácil também abordar as exceções e as nuances mais complicadas desses processos históricos e de suas relações entre si.

Compartilho abaixo o que consegui elaborar, com base em informações disponíveis na Wikipédia (no verbete “Cronologia da descolonização de África”) e nos recursos do Google My Maps. Depois do mapa, um relato mais detalhado sobre como ele foi feito, pra que vocês possam se aventurar nesse tipo de experimentação, se quiserem.

Enfatizo que se trata de um mapa provisório e sujeito a alterações e faço um pedido: se quiser e puder contribuir com comentários, críticas e sugestões de alterações, deixe seu comentário mais abaixo ou entre em contato.

Como fiz esse mapa?

Pode parecer difícil fazer um mapa, mas adianto que não é nada disso. Com algumas ferramentas de automatização e alguma atenção, é bem simples partir de uma tabela de dados e criar um mapa no Google My Maps. Utilizei as instruções do suporte da plataforma e descrevo a seguir o processo, em linhas gerais.

Primeiro, encontrei uma tabela, dentro de um verbete da Wikipédia (eis novamente o link: “Cronologia da descolonização de África”), que continha as informações mais importantes para o mapa que eu queria criar: nome do país (na coluna “Colônia” da tabela) e ano de independência. Não, eu não transcrevi todas essas informações manualmente. Descobri com uma busca rápida esta ferramenta de conversão de tabelas da Wikipédia em CSV, o que gerou automaticamente um texto com todos os dados da tabela.

Copiei e colei o texto num novo arquivo de texto simples (plain text, reconhecível pela extensão .txt), utilizando o editor TextWrangler para Mac (mas imagino que dê pra fazer o mesmo com vários outros editores de arquivos .txt e mesmo no Bloco de Notas ou no Wordpad do Windows); salvei o arquivo (que aparentemente é meio caótico mesmo, com um monte de coisa simplesmente separada por vírgulas) e mudei a extensão para .csv (a sigla CSV significa comma-separated values, o que descreve a lógica das vírgulas). Isso permite abrir o arquivo no Excel ou, preferencialmente, em editores especializados em CSV, para poder visualizar tudo em forma de tabela mesmo (tratando as vírgulas como separadores). Aí é só verificar e eventualmente alterar dados.

Atualizei algumas informações, como aquelas relativas à Somália (que aparece na Wikipédia como duas colônias diferentes: a Somalilândia Britânica e a Somalilândia Italiana) e ao Zimbábue (que aparece como Rodésia, nome do país que surgiu em 1965, mas só foi reconhecido internacionalmente, já com o nome atual, em 1980). Excluí as colunas “Bandeira” e “Século” e dei uma olhada muito rápida em alguns outros pontos, mudando a denominação “Colônias” para “Países”, por exemplo. Finalmente, verifiquei se havia 54 países identificados na tabela.

Em seguida, importei a tabela no My Maps e selecionei “Países” como a coluna que contém as informações de localização e de identificação dos marcadores, além de ter dado o nome de “Países” à única camada contida no mapa. Estilizei a aparência dos marcadores com base na informação de outra coluna, “Ano de independência”, o que permitiu agrupar os diferentes marcadores de lugares pela cor. Ao mesmo tempo, também decidi mostrar o ano de independência diretamente no mapa, para facilitar a visualização.

Tudo isso levou no máximo 15 minutos, e isso porque eu não tinha instruções sobre como produzir o resultado que acabei alcançando. Está tudo sujeito a alterações, como disse, mas penso que é um recurso suficientemente interessante para ser compartilhado. Este é um tema crucial para compreender o surgimento de boa parte dos cinemas africanos, e a visualização geográfica é, sem dúvida, a melhor forma de articular esse tipo de informação a questões apresentadas por textos e por filmes, tornando possível uma compreensão mais complexa, que problematize o próprio sentido da cartografia, sua história e suas transformações, bem como o conteúdo específico desse mapa e as relações entre suas informações e os cinemas africanos. Mas isso é história pra outro momento.

A imagem em destaque é da NASA e foi retirada do Wikimedia Commons.