Categorias
Artigos

O Mundo, o mundo: da alegoria da globalização à revelação do comum

Artigo publicado no dossiê A “periferia” do cinema mundial: um espaço inventado pela teoria do cinema e um desafio para a análise fílmica, editado por Mahomed Bamba, na revista Contemporânea, da Universidade Federal da Bahia

Resumo:

Proponho a análise do filme O mundo (2004), de Jia Zhangke, como alegoria aberta da globalização. A noção de alegoria aberta, ou abertura alegórica, possibilita abordar a globalização como condição de possibilidade do filme (que decorre, em parte, da participação da China nos circuitos globais de capital e de comércio) e como horizonte de sentido da narrativa (que está baseada, em parte, na metáfora do espaço do World Park de Pequim como Mundo em globalização). A análise do modo cinematográfico de constituição da alegoria da globalização conduz a uma comparação entre o trabalho de encenação de O mundo e a chamada “geografia criativa”, que constitui, desde Kuleshov, um dos efeitos mais fundamentais da montagem cinematográfica na representação do espaço. O trabalho de encenação é, no filme, uma forma de interrogar as fantasias e as promessas da globalização, em sua condição abstrata, a partir das disjunções do cotidiano dos trabalhadores e das trabalhadoras que o filme acompanha. O reconhecimento dos limites da alegoria da globalização permite a análise da narrativa como revelação do comum: do qualquer, da partilha, da experiência de estar junto.

Referência para citação:

RIBEIRO, Marcelo Rodrigues Souza. O Mundo, o mundo: da alegoria da globalização à revelação do comum. Contemporânea: revista de comunicação e cultura, vol. 11, n. 3, p. 504-521, dez. 2013.